Beetlejuice Beetlejuice, a tão aguardada sequência de 36 anos após o clássico de Tim Burton, é um exercício de criatividade e nostalgia que, embora traga de volta o espírito excêntrico e caótico do original, também nos faz questionar se a fórmula ainda tem o mesmo impacto. Burton, conhecido por sua estética única e humor negro, consegue entregar um filme visualmente vibrante, mas a história se perde entre gags e referências que não conectam de forma sólida.
O maior atrativo do filme, sem dúvida, é o retorno de Michael Keaton como o irreverente e imprevisível Beetlejuice. Keaton, como esperado, rouba a cena em cada aparição, trazendo um caos hilariante e insano, algo que os fãs esperavam. A dinâmica entre ele e Winona Ryder, que retorna como Lydia Deetz, também é um ponto alto, com a maturidade da personagem sendo bem explorada, agora como uma mulher que perdeu seu brilho e tornou-se refém da fama. A presença de Catherine O’Hara como a excêntrica Delia e a adição de Jenna Ortega como a filha de Lydia, Astrid, adicionam mais camadas à narrativa, criando um contraste interessante entre as gerações da família Deetz.
Visualmente, o filme é uma ode ao trabalho artesanal de Burton, com cenários elaborados e efeitos práticos que evocam uma sensação de estranheza e fantasia. A ambientação do além-vida é uma das grandes forças do filme, com elementos de stop-motion e animação em claymation que parecem saídos de um pesadelo macabro e divertido. A trilha sonora de Danny Elfman, sempre uma marca registrada dos filmes de Burton, também se encaixa perfeitamente na atmosfera, balanceando o estranho e o familiar.
Porém, o filme peca na coesão da narrativa. A história, que mistura elementos familiares com novos personagens e situações, se desenrola de maneira caótica, com muitos momentos desconexos e sequências que, apesar de visualmente impressionantes, falham em aprofundar os temas centrais. O filme tenta abordar temas como morte, luto e a vida após a morte de forma mais profunda, mas acaba se perdendo nas bizarrices, como uma busca incessante por gags visuais e situações grotescas. Além disso, a ausência de Jeffrey Jones (o pai de Lydia no original) é abordada de maneira engraçada, mas a falta de seu personagem ainda é notável.
Em termos de atuação, a ausência de uma química mais forte entre alguns dos novos personagens (como o namorado de Lydia, interpretado por Justin Theroux) enfraquece a dinâmica da trama, com piadas que não aterrissam tão bem quanto o esperado. A inclusão de Monica Bellucci e Willem Dafoe como novos habitantes do além-vida é uma adição bem-vinda, especialmente com Dafoe se divertindo como o detetive fantasma.
Beetlejuice Beetlejuice: É uma sequência divertida, mas caótica, que celebra a irreverência e os efeitos visuais de Tim Burton. Michael Keaton brilha mais uma vez, mas a história se perde na tentativa de ser excessivamente excêntrica, sem entregar uma narrativa coesa. Para os fãs do original, o filme oferece o que há de melhor em termos de humor negro e bizarrice, mas pode ser desorientador para aqueles que esperam uma sequência mais sólida. – Rafaela Carvalho