Crítica de Lord of the Rings: War of the Rohirrim (2024)

O mundo de O Senhor dos Anéis continua a expandir-se, desta vez com The Lord of the Rings: War of the Rohirrim, uma ousada incursão no território da animação, dirigida por Kenji Kamiyama. Este filme, que se passa 183 anos antes dos eventos de O Senhor dos Anéis, foca na história de Helm Hammerhand, o lendário rei de Rohan, e na origem da fortaleza de Helm’s Deep. Embora a premissa seja sólida e envolva batalhas épicas e intrigas familiares, o filme se vê preso entre a tentativa de se conectar com os fãs da trilogia de Jackson e a necessidade de construir uma identidade própria.

Visual e Estilo de Animação

O maior trunfo de War of the Rohirrim é, sem dúvida, sua estética visual. Kamiyama, conhecido por seu trabalho em Ghost in the Shell: Stand Alone Complex e Blade Runner: Black Lotus, adota uma abordagem híbrida entre animação 2D e 3D, criando cenas de combate dinâmicas e paisagens imersivas que fazem lembrar os filmes Spider-Verse. A animação, particularmente durante as sequências de batalha, é vibrante e fluida, com a câmera acompanhando os movimentos das lâminas de maneira quase poética. Esse estilo tem o poder de capturar a grandiosidade das batalhas de Middle-earth sem as limitações físicas de atores reais ou a rigidez de animações mais convencionais.

No entanto, em momentos de calmaria, o filme perde um pouco de sua magia visual. As expressões faciais dos personagens ficam planas, e a falta de profundidade nas interações torna a transição entre a ação e os momentos dramáticos um tanto desconcertante.

Personagens e Desenvolvimento

O coração do filme reside em Héra, filha de Helm, interpretada pela talentosa Gaia Wise. A personagem traz uma força feminina interessante ao mundo de Rohan, questionando o papel das mulheres em uma sociedade dominada por homens. Héra é a figura central que equilibra o peso da tradição e o desejo de escrever sua própria história, e Wise faz um trabalho notável em transmitir essa dualidade. No entanto, o filme falha em desenvolver suficientemente outros personagens, como o vilão Wulf (Luke Pasqualino), cujas motivações de vingança e obsessão por Héra parecem superficiais. Isso reduz o impacto de sua rivalidade com Helm e com Héra.

O elenco de vozes também merece destaque, especialmente Brian Cox como Helm Hammerhand, cuja voz grave e imponente combina perfeitamente com a natureza do personagem. Embora alguns dos outros atores tragam suas figuras de forma eficiente, é difícil não sentir que os personagens secundários poderiam ter sido mais explorados para dar à história uma maior densidade emocional.

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Conexões com o Universo de Tolkien

Onde War of the Rohirrim se torna mais arriscado é em sua tentativa de se distanciar da aura de nostalgia que envolve os filmes de Peter Jackson. Embora ainda haja algumas referências óbvias – como a participação de Miranda Otto, que reprisa seu papel como Éowyn em uma breve narração – o filme não se entrega ao fanservice excessivo. No entanto, os fãs de Tolkien podem sentir falta do charme e da riqueza de detalhes do universo de O Senhor dos Anéis original, com a obra se arrastando em sua tentativa de explorar temas e personagens que não têm o mesmo peso ou profundidade.

A Trilha Sonora

A música também é uma grande aliada do filme, com a trilha de Stephen Gallagher invocando o espírito de Howard Shore, embora sem conseguir atingir o mesmo nível épico da trilha sonora da trilogia original. As composições se encaixam bem no contexto da animação, mas o uso constante de temas clássicos de Shore acaba por criar uma sensação de déjà vu, o que faz com que o filme pareça mais uma extensão da obra de Jackson do que uma produção com identidade própria.

The Lord of the Rings: War of the Rohirrim é uma obra que, embora visualmente impressionante e com momentos de grande dinamismo, acaba sendo prejudicada por um roteiro previsível e personagens subdesenvolvidos. A animação é um marco dentro do universo de Middle-earth, mas o filme se perde na tentativa de agradar aos fãs da franquia sem conseguir oferecer uma experiência realmente nova ou ousada. Se você é fã da franquia e adora a ideia de explorar mais de Rohan e seus heróis, vale a pena conferir. Mas, se você espera algo que expanda as fronteiras do que já foi mostrado em O Senhor dos Anéis e O Hobbit, pode se sentir um pouco decepcionado.

Lord of the Rings: War of the Rohirrim: Uma bela homenagem à terra de Rohan, mas que não consegue encontrar sua própria voz no vasto legado de Tolkien. Rafaela Carvalho

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von 10
2025-02-13T12:35:00-0300
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